PARTE 3
O que aquele homem me disse em frente à escada mudou minha vida para sempre
Ainda não leu a parte 2? Vá por aqui!
Um amigo brinca dizendo que eu já trabalhei com tudo o que se pode imaginar.
E é verdade!
Do final da infância ao começo da juventude, alternei entre construção e marcenaria.
Depois, passei por diversos comércios, como carregador, estoquista, repositor e até caixa de supermercado… trabalhando de segunda a sábado para ganhar um salário miserável.
Nesse tempo, tive carteira assinada apenas duas vezes.
Nos tempos vagos, metia-me a criar negócios, como uma empresa de aerografia no fundo do quintal (como contei no capítulo anterior).
Aos 17, também empreendi em um trailer de hambúrguer com minha mãe ─ isso sem parar de estudar e de praticar arte (desenho e música).
O curioso é que, apesar de trabalhar muito, eu vivia sem dinheiro.
Sofria para pagar as contas e andava “mais duro que coco”.
Mas um dia tudo mudou…
O ano era 2009, eu já tinha dezenove anos e estava recém-casado.
Minha esposa havia deixado o conforto da casa dos pais para morar comigo, em Cabo Frio.
Eu tinha uma responsabilidade enorme pela frente ─ precisava sustentá-la, não deixar faltar o pão de cada dia, ser o homem da casa.
Eu estava ansioso e preocupado, apesar de não falar para ninguém.
Na época, havia acabado de ser contratado em regime CLT para trabalhar como repositor, numa papelaria.
No meu terceiro dia de treinamento, um homem entrou na loja.
Expressei aquela famosa frase:
─ Posso ajudar?
─ Apenas darei uma olhadinha nos livros ─ respondeu ele.
Caminhei ao seu lado em direção à livraria, que ficava no fundo da papelaria.
Fiquei próximo a ele, puxei assunto e depois mostrei os lançamentos.
Como eu já adorava ler, tinha gravado praticamente todos os títulos que eram vendidos ali.
Foram suficientes dez minutos de atendimento para que eu vendesse seis livros ao cliente.
Fiquei abismado, já que na época, tendo uma vida assalariado, eu demorava meses para conseguir comprar um mísero livrinho.
E veja que interessante: aquele cara que comprou os livros era um vendedor profissional ─ e antes de descer as escadas da livraria, disse-me algo que eu nunca mais vou esquecer:
─ Ei, você já pensou em trabalhar com vendas? Invista nisso, cara! Veja, você acabou de me vender seis livros.
E prosseguiu explicando que se eu me tornasse vendedor direto, poderia ter lucro, e que “lucro é melhor que salário”…
Meus olhos brilharam.
Alguma coisa me disse que aquele conselho era valioso e que eu deveria considerá-lo.
Como eu estava inconformado de ter apenas um emprego, que realmente não me dava mais do que um salário, enxerguei a oportunidade ter uma vida melhor.
E eu já havia tido experiências com vendas de camisetas e hambúrgueres, mas a ficha não tinha caído até ali.
A partir daquele dia, passei a devorar livros sobre vendas.
Nos meses seguintes, li incansavelmente títulos sobre negócios, técnicas de vendas, linguagem corporal, marketing, e oratória.
Decidi aprender tudo o que podia sobre a arte de vender.
Passei a alimentar o pensamento de que quando saísse daquela empresa, trabalharia como vendedor direto e correria atrás das comissões, e do lucro.
Passou-se um ano e meio até que finalmente fui demitido.
Fiquei preocupado, já que não tinha outro emprego em vista.
Após receber a notícia da demissão, no horário do almoço, resolvi ir para casa e dar a notícia à minha esposa.
Eu trabalhava a 4 quilômetros de casa e fazia o percurso de bicicleta.
Peguei a “magrela” (apelido carinhoso dado à bike) e comecei a pedalar.
Cerca de 700 metros depois, pasme, avistei uma placa com os seguintes dizeres:
“Precisa-se de vendedores”.
Parei para perguntar sobre a vaga e me deparei com uma senhora que tinha um projeto de um jornal.
─ Sim, meu filho, preciso de vendedores para fechar novos anunciantes para este jornal ─ disse ela.
Expliquei minha situação a ela e disse que eu andava estudando muito sobre vendas, já que tinha passado mais de um ano lendo a respeito.
Pedi a ela uma oportunidade, e ela me contratou naquela mesma hora dizendo para eu começar na semana seguinte.
Cheguei em casa com duas notícias, uma ruim e boa: uma que acabava de ser demitido e outra que já tinha arrumado outro trabalho.
Como estava em período de aviso prévio, ainda permaneceria um mês no emprego, mas decidi já prospectar clientes para o jornal nas minhas folgas, às quartas-feiras.
Na semana seguinte à demissão, lá estava eu andando pelas ruas de Cabo Frio, vestido com um uniforme social de vendedor segurando uma mala com material de prospecção.
E foi assim que eu me tornei um vendedor direto.
Para resumir essa fase da história, no período de três meses, vendi 70% dos espaços do jornal, mesmo sem nenhuma experiência prática anterior com vendas, usando apenas o conhecimento conseguido com a leitura.
Mas, como o dinheiro ainda não foi suficiente para pagar uma primeira edição do jornal, e meu seguro desemprego estava acabando, fiquei com medo e decidi voltar a trabalhar em lojas, dessa vez como ajudante de estoque, carregando caixas.
Vi meu desejo de atuar como vendedor e receber comissão quase ir para o ralo, até que um mês depois recebi um recado de um cara que precisava de um vendedor para sua rádio.
Imediatamente entrei em contato com ele e, depois de algumas negociações, ele me contratou.
Lá estava eu novamente atuando como vendedor, dessa vez numa segunda empresa, já consolidada no mercado.
Mais um ano se passou após meu ingresso na rádio e, satisfeito com meus resultados como vendedor, o dono da rádio me chamou para ser seu sócio.
Então eu fui de vendedor a empreendedor.
Isso já tem quase dez anos e eu nunca mais trabalhei em regime CLT ─ descobri na prática que “lucro (realmente) é melhor que salário”.
Hoje estou aqui, atrás de um computador com internet, que é a única ferramenta que eu preciso para vender a milhares de pessoas que se conectam à minha mensagem e aos meus produtos.
Lembre-se: “Lucro é melhor que salário.”
PS.: Anos depois, descobri que essa frase foi dita por Jim Rohn:
“Se vocês querem realmente ter sucesso na vida, vocês precisam entender que lucro é melhor do que salário. Um salário vai te dar um meio de vida; mas lucro, vai te trazer fortuna.”