PARTE 2

Eu era apenas um garoto de 15 anos quando vendi aquelas 50 camisetas em pleno carnaval

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Chegamos a um ponto crucial da minha história, de quando eu tinha apenas nove anos e comecei a trabalhar para ajudar em casa. 

Meu pai, que já atuava como pedreiro em tempo integral, começou a me levar para as construções. 

Se eu quisesse conquistar um novo material de desenho, precisava carregar tijolos e bater massa.

De segunda à sexta, após a escola, dedicava-me ao ofício de ajudante. 

Na sexta-feira, no final do expediente, parávamos na papelaria. 

Feliz e sujo de cimento, eu recolhia alguns lápis 2B, borracha, um bloco de papel sulfite e ia para casa ansioso para usá-los.

A vida foi essa até os treze anos, quando fui recrutado por um vizinho para trabalhar em sua marcenaria. 

A tarefa se resumia em carregar, lixar e cortar madeira durante meio período.

Nesta época, comecei a viajar sozinho de ônibus da Baixada ao Centro do Rio para montar os móveis que fabricávamos.

Eu saía da escola, batia um rango, me ajeitava e ia para o ponto… 

Minutos depois, enfrentava o ônibus o lotado. 

Uma situação que me marcou nesta época, foi quando precisei dormir na rua. 

Havia chovido, o Rio estava alagado e os ônibus não podiam circular.

Tive que ficar ali pelo terminal, sentado em folhas de papelão, sozinho, com fome e com medo.

Vi coisas estranhas naquele dia (quem já frequentou as madrugadas da Central do Brasil sabe do que estou falando).

Avançando um pouco no tempo…

Quando eu completei quinze anos, meus pais tomaram uma decisão que deu outro rumo à minha vida: mudaram-se para a região litorânea e me levaram com eles.

Em Cabo Frio, continuamos muito pobres, mas o ar já era outro. 

Eu não via tráfico e violência com tanta frequência. 

Continuei “me matando de trabalhar” em obras e oficinas de marcenaria. 

Cortava e lixava madeira durante o dia, e estudava à noite. 

Em certo período, não tinha nem mesmo bicicleta, e ia a pé para a escola. 

Caminhava cerca 10 km — 5 de ida, 5 de volta.

Em determinada época, comecei, de forma autodidata, a estudar areografia (um tipo de desenho feito com pistolinha de pintura e compressor).

Com a ajuda da minha namorada, hoje minha esposa, montei um equipamento e passei a treinar em lençóis e em roupas velhas até o traço ficar razoável. 

Quando achei que estava pronto, resolvi dar um passo mais largo: vender minha arte.

Tive então a primeira experiência com a livre iniciativa. 

Investi todo meu salário de ajudante de marceneiro em materiais, e no período de carnaval, arrumei um ponto em frente à praia para vender as camisetas. 

Importante ressaltar que eu não fazia ideia do que era Empreendedorismo, Marketing e Vendas isso eu fui entender anos mais tarde. 

No entanto, aqui está o que toda essa experiência consolidou em mim:

“O prazer de produzir e vender”.

A empolgação adolescente pelo desenho e pela aerografia passou, mas a paixão por produzir permaneceu. 

E se teve uma lição que aprendi já vendendo aquelas camisetas desenhadas, foi essa…

Quando chegavam e olhavam o mostruário de desenhos que ficavam nas pastas, as pessoas perguntavam o que as figuras representavam.

Então eu contava a história dos personagens, dos símbolos, dos tribais.

Falava da origem de frases que algumas gravuras remetiam, como carpe diem (que em latim significa “aproveite o dia”).

Isso facilitava a escolha delas, e eu fechava a venda com mais facilidade. 

Foi assim que, no carnaval de 2006, vendi mais de 50 camisetas grafitadas aos turistas nos três primeiros dias de festa (no quarto dia, eu não tinha mais malha e tinta — o estoque acabou).

Tive um bom lucro, mas como é de se esperar, o empreendimento não foi adiante. 

Eu era apenas um garoto inexperiente, e não sabia como sustentar um negócio.

Entretanto, o fato de eu ter feito acontecer daquela forma, despertou-me para uma nova forma de ganhar a vida.

Eu não sabia, porém anos mais tarde eu trabalharia com vendas e usaria a mesma habilidade de contar histórias para atrair, engajar e converter clientes.

Detalhes sobre isso eu contarei no próximo capítulo…

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