“Cara, ando meio preocupado… Assustado… Acho que o fantasma da depressão anda rondando por aqui”, revelei a um amigo psicólogo no WhatsApp, há alguns meses.
Ele disse para eu falar com mais detalhes sobre o que estava acontecendo. Ficamos por mais de meia hora conversando…
Quando relatei, ele confirmou que os sintomas realmente remetiam à depressão, mas que eu precisava me consultar com um especialista, para ter certeza.
Não cheguei a marcar nenhuma consulta, mas li tudo o que pude sobre o assunto. Não para me “automedicar”, ou me “autocurar”, mas para saber mais sobre com o quê eu estava lidando.
Cheguei à conclusão de que precisava mudar a rotina…
Nos últimos seis ou sete meses, estive muito caseiro, isolado. E, nas palavras da minha esposa, tornei-me mais “antissocial”.
Acordar, subir para trabalhar, descer para comer, trabalhar mais, descer para dormir; só sair para ir no mercado ou ao caixa eletrônico, e olhe lá!; optar apenas pela companhia da Netflix ou de algum livro… “Ah, está bom assim. Para que sair?”.
Nem ligação eu estava querendo receber ─ e até reuniões online com clientes eu estava evitando. Além de trabalhar, eu só queria ler, escrever, ficar fechado.
Realmente eu estava bem isolado. E isso não aparece nos posts do Facebook, não fica visível nas fotos de Instagram.
É assim, meu amigo. A depressão é como um fantasma manipulador e malicioso. Todos os dias, ele se senta em seu ombro e sussurra no seu ouvido sobre quão inútil você é e como você não merece estar próximo de outras pessoas.
E você evita interagir…
Eu precisava mudar isso. Comecei a pensar que não podia ser vencido por aquilo. “Eu tenho um menino de sete anos que precisa de mim, minha família precisa de mim, a empresa precisa de mim, eu preciso de mim. Devo ser forte!”, foi o que pensei.
Além de pedir ajuda e conversar com pessoas que pudessem me auxiliar de alguma forma, comecei a pensar em como tocar a vida além de casa, além do home office.
Por algumas semanas, ainda resisti. Fui vencido pela vontade de não sair e de permanecer enclausurado por vários e vários dias… Mas por fim, comecei a fazer diferente.
Para resumir, nos últimos meses, encontrei-me com mais pessoas do que nos quatro meses anteriores.
Saí, tomei café com alguns amigos, reuni-me com outros, entrevistei caras importantes que admiro, conheci colaboradores pessoalmente, viajei para encontrar dois parceiros de negócios…
Comecei a atender ligações, a ter iniciativa de marcar reuniões online e pessoalmente, enfim, comecei a cercar-me de gente. O resultado tem sido outro, sinto-me bem melhor…
Não posso falar de cura, porque realmente não sei se tive a doença, mas só de pressentir que poderia ser, decidi agir rápido. Então a experiência tem mais a ver com prevenção do que qualquer outra coisa.
Só para você entender, na depressão, o isolamento social normalmente serve para piorar a doença e como nos sentimos.
Aparentemente, a retirada de interações sociais aumenta o estresse no cérebro. Dessa forma, é sempre importante manter contato com pessoas que são importantes para você.
O conselho que dou, se você sente que algo errado está acontecendo, é que esteja alerta. Fantasmas como a depressão tem o hábito de golpeá-lo quando você menos espera.
Primeiro você deve agir com sabedoria, e, ao contrário de tentar fugir ou se isolar, peça ajuda.
Hoje não sei por onde anda o espírito que me atormentava, mas se estiver por perto, está do lado de fora.
Porque da porta para dentro, eu assumi o controle.
Leia a parte 2 aqui.