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O que podemos aprender com o fim das rádios FM

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Em 2015, a Nativa FM, a sétima rádio mais ouvida do Rio encerrou as atividades. Em 2016 a Rádio Tupi precisou demitir 58 funcionários.

A rádio Globo e a CBN também cortaram gente. No mesmo ano, em julho, mês em que é comemorado o dia do rock, a famosa Rádio Cidade decretou seu fim.

Agora, em 2017, a MPB FM, uma das mais queridas do Brasil por décadas, saiu do ar. Num contexto mundial, a Noruega será o primeiro país a desligar a frequência FM. Tudo será digitalizado.

As verbas publicitárias destinadas às emissoras de rádio estão cada vez menores. As concessões públicas para esse tipo de instituição fazem cada vez menos diferença.

Um dos motivos de toda essa mudança é a economia. Na Noruega, por exemplo, a estimativa é que a migração das emissoras para o digital irá gerar anualmente cerca de US$ 25 milhões (aproximadamente R$ 75 milhões).

Essa transformação me faz pensar nas coisas que ficaram obsoletas nos últimos anos.

Ouvi vinil da Legião Urbana em vitrola, gravei fita K7 dos Mamonas para tocar em walkman amarelo da Sony, vi meu pai datilografar documentos numa máquina de escrever, dei audiência para os clipes da MTV e comprei VHS de show para rodar em videocassete.

Parece que foi ontem, e eu nem cheguei nos 30.

Depois de um deslocamento brusco no tempo, posso consumir cultura num volume sem igual na história. Posso ouvir música de forma customizada, personalizada e digital, e não preciso, necessariamente, contar com uma programação de rádio. Posso criar uma playlist com músicas que eu gosto no YouTube ou contar com os serviços de streaming do SpotiFy.

Os tempos são outros!

O site radios.com.br aponta que o Brasil está em segundo lugar em número de rádios disponíveis na internet. São mais de 200 emissoras atuantes. Para quem está inserido no universo das AM/FM, migrar para o digital é o único caminho relevante.

Existe um mar de oportunidades de mercado na web. Há uma fonte de receita por meio da publicidade online com venda de banners e patrocínios, e a empresa pode apostar num relacionamento mais interativo com o público.

Por exemplo, é possível criar ações para atrair as pessoas que gostam de trabalhar ouvindo música, e pode-se reviver as ambientações de rádios antigas para agradar aos saudosistas. Entre outras ideias.

Fazendo uma breve pesquisa, percebi que boa parte das rádios online tem um blog anexado ao site principal. Conquanto muita gente ainda não tenha ideia do poder dessa ferramenta, ela possibilita que os usuários tenham acesso a conteúdos de qualidade, com base no que eles buscam diariamente.

Uma emissora, por exemplo, pode criar uma linha editorial de acordo com o estilo da programação, seja ela jornalística, musical ou publicitária. Isso fará com que os usuários tenham participação direta no processo de produção, o que pode ser um grande trunfo comercial.

Na web é possível pesquisar o perfil do público, construir um banco de dados sobre a audiência da rádio e adotar ações certeiras para aumentar o número de ouvintes.

Não, ainda não é o fim das rádios. No entanto, mais uma vez, a internet determina como as coisas devem ser.

O curioso é que, mesmo diante disso, ainda existem empresas analógicas separando verba para outdoor e panfleto sem ter ao menos um website com sua lista de serviços ou produtos.

Em que mundo elas estão?

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7 respostas

  1. Não gosto da idéia da eliminação do rádio comum. ( Como ocorre na Noruega)
    Creio que os dois podem conviver juntos, o rádio e o rádio web.
    O rádio tem a vantagem de ser gratuito para o ouvinte e chegar aonde a internet não chega. O rádio web tem a desvantagem de consumir dados. A internet não é gratuita.
    Eu mesmo ouço rádio AM, FM e também WEB pela internet.
    Observação: Estão usando o termo “rádio digital” para especificar o rádio web, ou internet, porém o rádio FM comum, e até o AM (OM)
    podem ser digitais.

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