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Desconstruindo o mito do todo mundo pode empreender

O crescimento do empreendedorismo no Brasil acabou formando dois grupos distintos de empreendedores. 

O primeiro acredita que o empreendedorismo é a “salvação da humanidade”, e que todo mundo, sem exceção, pode empreender. 

O outro, crê que o empreendedorismo é uma área de grande potencial, mas apenas no sentido econômico, e que apenas uma parte das pessoas pode vivê-lo.

Um acaba levando o empreendedorismo para um lado mais “religioso”, o outro, mais racional, o encara com restrições e quase total ceticismo.

Qual lado está certo? Empreender é apenas para poucos? É questão de sorte? De dom? 

Nas próximas linhas irei explorar alguns conceitos por trás do empreendedorismo e pontuar o que cada um tem ou não de positivo.

Meu objetivo é te dar uma visão relevante e mostrar se essa coisa de “todo mundo pode empreender” é mesmo verdade ou se não passa de “conversa para boi dormir”.

Acompanhe!

#1. O empreendedorismo como iniciativa

Tirando todo o lado negativo, eliminando toda a inclinação religiosa, empreender se resume em iniciativa. E por isso, em muitos casos, é ele que tira as pessoas da mediocridade.

O empreendedorismo incentiva os homens a buscar sua própria comida, com os seus próprios esforços e recursos.

A definição de iniciativa no dicionário indica “ação daquele que é o primeiro a propor a realizar qualquer coisa; traço de caráter que leva alguém a empreender alguma coisa ou tomar decisões por conta própria; disposição natural; ânimo pronto e enérgico para conceber e executar antes que outros”.

As coisas já começaram a ficar mais simples, certo? Se entendermos que nem todo mundo quer e não tem a mínima motivação de ser uma pessoa com iniciativa, compreenderemos porque muitas pessoas não irão empreender.

Iniciativa é o primeiro requisito para quem quer fazer acontecer.

Aliás, iniciativa é o mínimo que alguém precisa buscar caso queira ter uma vida mais relevante. Esse é, inclusive, o tema central do meu livro Sobre Fazer Acontecer: O Segredo de quem Empreende. 

#2. O empreendedorismo como educação

Outro entendimento relevante é o do empreendedorismo como educação. Para se ter ideia, no século XVI, em alguns países, já se ensinava empreendedorismo nas escolas.

A origem vem da economia, com Jean-Baptiste Say (1767 – 1832). Esse tipo de educação buscava inspirar nos alunos a vontade de fazer acontecer.

Para isso eram trabalhadas as habilidades necessárias a um empreendedor, como a capacidade de enxergar oportunidades, a pró-atividade e a confiança.

Se encararmos o empreendedorismo com esta ótica, entendemos que ele pode ser aprendido por qualquer um que esteja disposto.

Mas há uma grande ressalva:

Assim como nem todo mundo que ingressa no curso de direito se forma ou se torna um bom advogado, nem todo mundo que decide estudar o empreendedorismo se tornará o próximo Steve Jobs ou Mark Zuckerberg.

Mas, assim como um sujeito que estudou direito por dois anos passa a sacar mais de leis para o seu próprio benefício, um cara que decide estudar empreendedorismo vai poder fazer mais por si mesmo (e para outras pessoas), mesmo que não crie a nova Apple ou o novo Facebook.

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#3. Empreender por vocação

Não creio que empreender tenha (apenas) a ver com dom ou vocação.

Acredito nele como complemento disso. O termo vocação deriva do latim “vocare” que significa “chamar”.

Trata-se de uma inclinação, tendência ou habilidade que leva o indivíduo a exercer determinada carreira ou profissão.

É uma competência que estimula as pessoas à prática de atividades que estão associadas aos seus desejos.

Por extensão, vocação também se entende como capacidade específica para executar algo que vai lhe dar prazer. ]

Há pessoas com inclinação vocativa para empreender? Sim, sem dúvidas.

Mas há também gente que usa o empreendedorismo para fazer mais por sua vocação.

O inventor da lâmpada, Thomas Edison, é um belo exemplo de individuo que usou o empreendedorismo para elevar sua vocação.

“Sua biografia o coloca como empreendedor americano que patenteou e financiou o desenvolvimento de muitos dispositivos importantes da indústria mundial”.

A verdadeira vocação de Mr. Edison era inventar e o empreendedorismo complementava isso.

#4. Empreendedorismo como criação de negócios

Além das compreensões de iniciativa, educação e vocação, empreendedorismo é o processo de implementação de novos negócios ou mudanças em empresas já existentes.

Nesse contexto, o termo se consolida no âmbito empresarial e muitas vezes está relacionado com a criação de empresas ou produtos novos, normalmente envolvendo riscos e inovações.

Sendo assim, se torna o principal fator promotor de desenvolvimento econômico e social de um país. Ele tira gente da pobreza, dando base para que negócios lucrativos sejam criados, gerando crescimento e mais oportunidade de empregos.

Muitas realizações do mundo foram feitas por empreendedores: a já citada lâmpada, o avião, o computador portátil, o celular, as redes sociais, etc.

Legal tudo isso, mas…

Todo mundo pode ou não empreender?

Se você leu e ainda não tirou nada de relevante, aqui está a resposta:

Há muito entre o querer e o realizar, e é justamente no caminho que muita gente se perde, que se deixa levar pelo fracasso, muitas vezes porque simplesmente não soube usar as ferramentas certas.

Considere também: se todo mundo pode ser funcionário de alguém e prestar um concurso público, todo mundo pode empreender.

A diferença é que com as inúmeras possibilidades, nem todo mundo será funcionário e nem fará um concurso.

A mesma lógica vale para o empreendedorismo.

Ele é, antes de tudo, uma escolha com base na percepção e aptidão de cada um.

Além disso, para reforçar o que já abordei, se a pessoa elimina a iniciativa, obviamente, não vai empreender; se não compreender que também se trata de educação, que como precisa ser estudado, não terá as habilidades necessárias, e por isso, não vai.

Se não tem inclinação vocativa para empreender e se não usa o empreendedorismo para viver de sua vocação, não vai; se quer apenas ganhar dinheiro, e não se dispõe a criar algo de valor, um dia encontrará o fracasso.

E quanto a você?

Robert D. Hisrich, no livro “Empreendedorismo”, diz que “empreender é o processo de criar algo diferente e com valor”

Para isso, a pessoa precisa dedicar o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais, mas recebendo, porém, as recompensas consequentes.

Entre essas recompensas estão a satisfação pessoal e econômica.

Por isso que as pessoas que são donas do próprio negócio se consideram muito mais felizes do que outras em diferentes posições no mercado de trabalho.

Eles entendem que a felicidade não pode ser concedida e administrada por terceiros, mas conquistada por meio de ações próprias.

Aliás, o empreendedorismo é ideal para quem quer viver os próprios sonhos e paixões, e não apenas viver cooperando com os sonhos dos outros.

O mais interessante é que essas pessoas não estão trabalhando menos. Pelo contrário, empreendedores tendem a trabalhar muito mais horas do que os assalariados, concursados, etc.

E muitas deles também não estão ganhando rios de dinheiro.

Na média, pequenos empresários ganham menos do que funcionários públicos e executivos do alto escalão, mas estão felizes porque seus empreendimentos os permite alcançar o próprio sucesso.

Se você está disposto a vencer todos os desafios de ter o próprio negócio, que ter uma vida com mais sentido e não quer depender que alguém lhe diga o que fazer, o empreendedorismo é para você.

Você pode empreender, agora resta você decidir se você vai…

O retorno à relevância

Defender o empreendedorismo não significa ter que condenar outras formas de trabalho. Não sou contra CLT, concurso público e sindicalismos. Não há mal algum em ser empregado de alguém.

O problema é que no Brasil esses sistemas estão tão defasados, que acabam levando o cara para a mediocridade.

Não caio na besteira de colocar empreendedores como seres mitológicos que nasceram para trilhar o caminho sagrado.

Eles não são os salvadores da pátria, mas se destacam por tornar a vida mais relevante, pelo menos economicamente. E isso, por si, é maravilhoso. 

Para fechar, relembro o que primeiro conceito explorado neste post – e que é, para mim, o melhor caminho para entender o empreendedorismo:

Além das interpretações religiosas, o empreendedorismo se resume em iniciativa. A partir dele, os homens são impulsionados a buscar a própria comida, com os seus próprios esforços e recursos.

Acredito que todo mundo deva buscar um trabalho que faça sentido. Se o caminho para uma vida feliz e digna é sendo empregado de alguém, faça isso.

Se é sofrendo com a burocracia de setores públicos e sindicatos, vá em frente. Se é vencendo todas as dificuldades de ter um negócio, adiante.

Eu gosto de empreender porque me remete à forma como na Idade Média era chamado o indivíduo que usava seus próprios recursos e conhecimento para sobreviver: “o homem livre.” Talvez empreender seja o retorno à relevância.

Afinal, há muita liberdade nisso.

Se você se sente bem em ler isso, seja bem-vindo ao meu time!

PS.: Conheça o livro Sobre Fazer Acontecer: O Segredo de Quem Empreende. 

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6 respostas

  1. Boa Dr. Paulo Maccedo, texto magnifico.
    Uma visão bem esclarecedora sobre o que é empreender, é como dizer querer (não) é poder.
    Felizmente temos alguns corajosos que aplicam o empreendedorismo no melhor sentido da palavra .

    1. Verdade, Joelson. Eu sempre defendi, e ainda defendo, que todo mundo pode empreender. Mas é vago dizer isso sem mostrar para as pessoas que não é só de querer, como você mesmo disse.

      Como eu disse no artigo “o empreendedorismo é ideal para quem quer viver os próprios sonhos e paixões, e não apenas viver cooperando com os sonhos dos outros.”

      Mas isso só será posto em prática por gente corajosa, determinada e bem preparada.
      Continuo sendo evangelizador da livre iniciativa, mas sei que é preciso um pouco mais de lucidez de nossa parte. 🙂

      Obrigado pelo comentário!

  2. Criar algo diferente e com valor é o que temos que buscar constantemente para sair da mesmice do mercado. Tudo depende do poder de criação e talento individual de cada um.
    Excelente artigo!

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